Apaixonada por filmes como eu, gosto de assistir gêneros diversos, contudo logo a princípio não achei muito interessante o nome “melancolia”, na verdade não seria tão interessante assistir um filme desse em um momento melancólico, contudo, ainda hoje depois de quase um mês que assisti ainda penso nesse filme e como que ele nos trás uma visão interessante sobre a vida e sobre a morte.
"Melancolia", é o novo trabalho do cineasta dinamarquês Lars Von Trier, começa em ultra slow motion, num prelúdio do que irá acontecer depois. O filme muito bem feito tem ilustrações com pinturas pré-rafaelitas, música de Beethoven, entre elas a “ Nona sinfonia”. O filme traduz a habitual visão niilista do diretor sobre a vida e as relações humanas. Nesse contexto não escapa ninguém, nem o planeta.
Claire é interpretada pela atriz francesa Charlotte Gaisnobourg que é uma das irmãs protagonistas. Justine é interpretada pela norte-americana Kisrsten Dunst, norte-americana , segundo o site “Cineweb” a atriz acabou vencendo, por sua vez, o prêmio de melhor atriz neste ano em Cannes, onde a discussão do filme em si, que concorria à Palma de Ouro, foi bastante prejudicada devido a declarações do diretor, dizendo que "entendia Hitler".
"Melancolia" se divide em duas partes: a primeira dedicada a Justine; a segunda, a Claire, materializando a dualidade de uma reflexão sobre a irmandade, um dos temas do filme. No início do filme Justine segue para o seu casamento em uma limusine que fica presa em um determinado lugar na estrada. Apesar da tentativa dos noivos e do motorista em conduzir o carro, eles terminam o percurso até a festa a pé, chegando muito atrasados. Em todos os momentos da festa Justine tem grande dificuldade de aceitar que está casada, onde mostra seu comportamento depressivo, seu noivo Michael (Alexander Skarsgard, da série "True Blood"), tenta convêce-la sobre seu amor, mas Justine se fecha em seu mundo e vê tudo ao redor com tristeza. Diante dos discursos de seus pais que eram separados, a tentativa de manter as aparências sobre a visão de um casamento começam a denegrir. E segue adiante uma lenta e sistemática demolição das crenças convencionais de que o casamento, o sucesso profissional e financeiro possam sustentar qualquer tipo de estabilidade, seja pessoal ou coletiva.
No mundo de Von Trier, não há alívio nem segurança possíveis na família, no amor, nas instituições, na cultura, na arte, no dinheiro, na infância. E, para piorar, estamos sós no imenso universo e, ainda assim, não vamos durar muito.
Não contente de arremessar toda a sua potente munição criativa, mais uma vez, contra a sociedade constituída e desautorizar quaisquer utopias, o diretor encena a destruição da Terra, diante do iminente choque contra outro planeta, Melancolia. Azul como a Terra, como um enigmático duplo do nosso, ele ficou escondido atrás do sol todo este tempo, por isso, até agora invisível. Quando sai da sombra, porém, é para valer.
Se há um porta-voz de Von Trier no filme é Justine, que, invocando uma espécie de onisciência mágica (a única que a história permite), num dado momento garante à irmã que não há vida em outros planetas. É esse tipo de pessimismo que o diretor destila todo o tempo, da forma mais estética possível. O Lars Von Trier despojado do Dogma 95 ficou definitivamente para trás, a não ser por uma câmera na mão por vezes instável demais no banquete de casamento.
Mais do que o fim do mundo, a história tematiza a condição humana. Que as personagens principais sejam duas mulheres, irmãs cujos nomes identificam as duas partes do filme, é outra afirmação do diretor sobre a própria ambiguidade da espécie. Claire é a racional, adaptada às convenções, esposa e mãe. Justine é a irmã rebelde, insatisfeita, insegura, que busca apoio no cerimonial do casamento, mas nada encontra. Independente da colisão de planetas, este mundo também desabaria de qualquer modo, a qualquer momento.
Se a obra de Von Trier é um retrato nítido de suas obsessões, não resta dúvida de que ele procura sempre novas ferramentas, técnicas e fórmulas para dizer o que tem a dizer.
Visualmente, "Melancolia" é um esplendor, com a fotografia de Manuel Alberto Claro (chileno radicado na Dinamarca desde criança) e os efeitos visuais de Peter Hjorth, criando momentos especiais, como a fascinante sucessão de stills que abre o filme.
Pelo clima de elegia com um quê futurista, "Melancolia", às vezes, lembra Stanley Kubrick, especialmente neste começo, como uma espécie de releitura pelo avesso de "2001 - Uma odisseia no espaço" em outro tempo e contexto.
O que pude percerber que Melancolia não é um filme tão fácil de ser interpretado, as vezes ele é até um pouco cansativo, porém é possível perceber que em toda a sua trama ele retrata sobre questões de sobrevivência, de limitações humanas e de medo, situações essas que qualquer um de nós estamos sujietos a passar. Esse filme é uma obra de arte, percebo que o diretor quis reger com toda perfeição, assim como uma obra clássica, ele cuidou de cada momento, de cada detalhe, a fim de transmitir a sua mensagem ao público.
Fonte: cineweb Adaptação: Renata Dias